
Reportagem
Agricultura familiar tem prejuízo de quase 90% na pandemia
Com a paralisação das aulas, o principal programa de alimentação estudantil também foi impactado neste período
O Programa Nacional de Alimentação Estudantil (PNAE) foi criado para oferecer merenda a mais de 40 milhões de estudantes da rede pública de todo o país. O governo federal repassa a estados e municípios anualmente R$ 4 bilhões para que façam a distribuição por lei e, 30% desse valor, tem que ser investido na compra direta de produtos da agricultura familiar. Hoje, o PNAE é uma ferramenta de comercialização muito importante para 4,5 milhões de pequenos produtores de todo o país.
“Normalmente, eles têm uma produção muito pequena e essa produção acaba sendo comercializada por intermediários que acabam no final da história ficando com a margem. Então, o produto final chega na escola de forma mais fresca, mais rápida, evitando o intermediário e o produtor se beneficia com um preço melhor”, explicou o produtor rural e prefeito de Ibitinga (SP), Frauzo Sanches.
“Se a gente pensar que, para o ano de 2021, temos uma previsão orçamentária na casa de um pouco mais de R$ 4 bilhões, a destinação para a agricultura familiar será de no mínimo R$ 1,2 bilhão. Esse valor deve, de fato, ser destinado à aquisição de produtos, favorecendo o pequeno agricultor”, diz a coordenadora-geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar do Ministério da Educação, Karine Silva dos Santos.
Em uma live produzida pelo Instituto Fome Zero, especialistas discutiram a importância econômica e social do programa, já que a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos no Brasil e traz benefícios na área da saúde pública.
O representante do Programa Mundial de Alimentos da ONU, Daniel Balaban, explicou a importância de uma alimentação completa na saúde da população. “Hoje, 90% das doenças estão relacionadas com a má alimentação. Isso no mundo inteiro. Então se a gente aprende a se alimentar bem desde cedo, a gente não vai ter os problemas de saúde que a minha geração teve. Antes da lei era muito produto nutricionalmente inadequado, para não dizer outra coisa, ou seja, era pura química”.
Com a pandemia e a suspensão das atividades presenciais nas escolas, a compra e a distribuição desses alimentos foram muito impactados. Um estudo feito pelo Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar mediu o prejuízo para a agricultura familiar. Eles usaram como base comparativa um grupo de 4,5 mil produtores de 108 municípios brasileiros. Em 2019, eles venderam para o PNAE R$ 27 milhões. Já em 2020, até setembro, quando foi concluída a pesquisa, a rentabilidade desse mesmo grupo foi de apenas 3,6 milhões, ou seja, uma redução de 87%.
Em abril de 2020, o Congresso autorizou, em caráter excepcional, que os alimentos adquiridos com recursos do PNAE pudessem ser distribuídos aos pais ou responsáveis dos estudantes durante o período de suspensão das aulas. O benefício foi entregue em forma de cestas. A medida foi importante, mas não atendeu a todos os setores.
Para Sanches, alguns produtores se sentem prejudicados, como os de folhosas. “Em Ibitinga e outros municípios ocorreu a distribuição do kit merenda. Então, produtos como beterraba, cenoura é mais fácil de colocar no kit. As folhosas, alface, couve, salsinha, cebolinha, que também são muito compradas na agricultura familiar, num primeiro momento não foram distribuídas e muitos produtores acabaram perdendo no ano de 2020”, explicou
Muitos gestores públicos optaram por kits secos, processados e embalados. De acordo com nutricionistas, essa decisão abriu mão da qualidade nutricional, além de prejudicar a agricultura familiar.
“O Rio grande do Sul, por exemplo, se organizou para fazer um frente de diálogo com o governo do estado do Rio Grande do Sul para poder fornecer arroz, feijão da agricultura familiar e o governo do estado fez uma única compra, de uma grande rede de supermercados, num processo licitatório muito pouco transparente quando poderia ter aproveitado dessa compra pública para fortalecer a sua agricultura familiar”, disse Mariana Santarelli, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional.
Para os especialistas, enquanto as escolas não voltarem à rotina normal, é importante que os gestores públicos respeitem a essência do programa: oferecer alimentação de qualidade aos estudantes e dedicar pelo menos 30% dos recursos à agricultura familiar. “Favorecer a agricultura familiar e o pequeno comércio é muito importante. Faz a roda da economia do município girar mais vezes. Esse real que entra para ele, gira duas ou três vezes mais em outros”, concluiu o prefeito de Ibitinga.
De acordo site Canal Rural (canalrural.com.br) escrita por Antônio Pétrin, de São Paulo/2021
Acessado 10 abril 2021 / link: https://www.canalrural.com.br/programas/informacao/rural-noticias/agricultura-familiar-tem-prejuizo-de-quase-90-na-pandemia/
Resenha
Impactos causados pelo PNAE sobre agricultura familiar
De acordo com notícia reportada no site Canal Rural (canalrural.com.br) escrita por Antônio Pétrin, de São Paulo.
Programa nacional de Alimentação estudantil (PNAE), foi criado para oferecer merenda a todos estudantes de redes pública do Brasil. E maior parte do valor que o governo investe na compra desses alimentos vem de produção da agricultura familiar, sendo o PNAE uma ferramenta de comercialização importantíssimo para em cerca de 4,5 milhões de pequenos produtores do Brasil.
Tendo em vista que 70% dos alimentos consumido do Brasil vem da agricultura familiar isso nos traz mais vantagens de melhoria na área da saúde. Se pararmos para analisar as situações, maior parte das doenças causadas vem sobre como levamos a nossa alimentação, logo, se aprendemos desde de cedo a melhorar o tipo de alimentação estamos fazendo maior ato de prevenção, reduzindo em alimentos de pura química para alimentos mais orgânicos e natural.
no entanto, com a pandemia em 2020, agricultores sofreram grandes impactos de captação de renda na produção, que consequentemente acarretou em outros impactos negativo da vida.
Diante disso, sendo a PNAE umas das maiores fontes de renda, com a suspensão das aulas devido a pandemia foi feito um estudo pelo Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e mediu o prejuízo grande para a agricultura familiar. Eles usaram como base comparativa um grupo de 4,5 mil produtores de 108 municípios brasileiros. Em 2019, eles venderam para o PNAE R$ 27 milhões. Já em 2020, até setembro, quando foi concluída a pesquisa, a rentabilidade desse mesmo grupo foi de apenas 3,6 milhões, ou seja, uma redução de 87%.
Foi quando em abril de 2020 que o congresso autorizou de forma excepcional a distribuição desses alimentos em cestas aos estudantes, durante a suspensão das aulas. Foi uma ação importante, porém não atendia a todos setores.
Os agricultores continuaram impactados em questão de renda pois a demanda do alimento orgânico diminuiu pelo fato da troca por alimentos secos, processados e embalados de fabricas, por que muitas de outras alimentos orgânicos acabavam estragando com mais facilidade nesse processo de destruição através das cestas, então optaram por outros alimentos. Ainda mais, de acordo com nutricionistas isso abriu mão da qualidade alimentar.
É importante que os gestores públicos respeitem a essência do programa: oferecer alimentação de qualidade aos estudantes e dedicar pelo menos 30% dos recursos à agricultura familiar.